Ambições de acordo de livre comércio do Uruguai abalam o bloco comercial sul-americano
O maior bloco comercial da América do Sul, o Mercosul, que inclui as potências regionais Brasil e Argentina, foi abalado por um de seus membros menores, o Uruguai, que busca fechar seus próprios acordos de livre comércio, disseram líderes em uma cúpula na terça-feira.
Na reunião na capital uruguaia, Montevidéu, os líderes procuraram pressionar seu anfitrião sobre os planos de acordos comerciais autônomos com a China e a Parceria Transpacífico (TPP).
"A solução não é cada um de nós fazer o que quiser", disse o presidente argentino Alberto Fernández, repreendendo o Uruguai.
Uma das menores economias da América do Sul, o Uruguai tenta há anos concluir acordos comerciais unilaterais que considera mais benéficos do que o Mercosul.
"O Uruguai precisa e tem a ambição de se abrir para o mundo. Claro, se formos em grupo é muito melhor", disse o presidente uruguaio, Luis Lacalle Pou. "Vamos ter mais poder de negociação."
Em julho, o Uruguai entrou em negociações formais para um acordo de livre comércio com a China, decisão criticada pelos membros do Mercosul, e recentemente avançou nas negociações para ingressar no TPP.
No final de novembro, Brasil, Paraguai e Argentina advertiram formalmente o Uruguai de que poderia tomar "medidas" contra ele caso seguisse adiante com seus planos.
O presidente paraguaio, Mario Abdo Benátez, disse que a integração do Mercosul é "fundamental e estratégica", mas indicou flexibilidade diante da exigência de que o Uruguai não avance nos acordos comerciais sem informar os demais.
"O que ouvi de Lacalle me satisfaz. Que eles possam avançar em um diálogo, mas antes de concluir qualquer tipo de processo, eles o compartilharão com o bloco. Esse é um caminho aceitável", disse Abdo.
A reunião de Montevidéu, na qual o Uruguai transferiu a presidência pro tempore para a Argentina, terminou sem uma declaração conjunta sobre os acordos alcançados nos dois dias de conversações.
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