Chinesa BYD expande operação de veículos elétricos no Brasil
A montadora chinesa BYD Co Ltd começará a vender dois novos modelos de veículos elétricos no Brasil este mês, apostando em desenvolvimentos políticos e ambientais favoráveis no maior mercado de veículos da América Latina, disse a empresa.
"Acredito que agora é o momento político e ambiental certo para investirmos na construção dessas novas tecnologias no Brasil", disse a presidente da BYD Americas, Stella Li, em entrevista durante o lançamento dos dois modelos de SUV na quarta-feira.
Os carros são o híbrido Song e o totalmente elétrico Yuan. Eles serão importados até que novas fábricas para produzi-los no nordeste da Bahia entrem em operação.
"Mas será um processo muito desafiador e precisamos de um governo que tenha uma mente aberta para que a tecnologia cresça aqui", acrescentou Li.
O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, que toma posse em 1º de janeiro, prometeu reformular as políticas ambientais do Brasil, e seu programa para a eleição que venceu em outubro prevê indústrias focadas em uma "economia verde" e na necessidade de modernização a indústria automobilística com híbrido.
Em outubro, a BYD assinou um protocolo de intenções com o governo da Bahia visando a implantação da produção de veículos na área industrial deixada pela Ford Motor Co quando fechou sua fábrica fora da capital Salvador.
O governo da Bahia disse que a BYD construiria chassis de ônibus e caminhões elétricos, bem como carros elétricos e híbridos em três fábricas com um investimento de 3 bilhões de reais (US$ 550 milhões), e também processaria lítio brasileiro para baterias de veículos para exportação para a China.
Duas das usinas entrarão em operação em 2024 e a terceira em 2025, informou o governo da Bahia na época.
Li se recusou a dar detalhes e disse que uma decisão sobre o projeto deve ser tomada até o final deste ano.
Questionada sobre o risco representado pela história de turbulência política, econômica e jurídica do Brasil, ela disse que a BYD "tem muita paciência com o Brasil".
"Estamos no Brasil há quase 10 anos. Passamos por muitas mudanças políticas nesse período, além das flutuações do câmbio e da inflação. Mas acho que no longo prazo o Brasil tem suas vantagens", disse Li.
Ela citou o tamanho do mercado brasileiro, a disponibilidade de matéria-prima para baterias, como o lítio, e um novo governo que parece mais aberto a incentivar o setor.
"Estamos em um momento muito bom para começar a expandir as tecnologias aqui... e com o tempo o Brasil poderá desenvolver sua própria indústria" para veículos elétricos e híbridos, disse ela.
A BYD espera que 10% de todas as vendas de veículos no Brasil sejam de modelos elétricos e híbridos até 2025, em comparação com os atuais 2,4%, e a participação no mercado de VEs pode saltar para 30% até 2030.
Li apontou a carga tributária como um dos principais fatores por trás dos altos preços dos veículos elétricos e híbridos no Brasil em comparação com outros mercados.
"Se você cobra impostos altos, você mata o bebê antes que ele cresça", disse ela.
(US$ 1 = 5,4487 reais)
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