Apoiadores de derrotado Bolsonaro atacam sede da polícia
Apoiadores do presidente brasileiro de extrema-direita Jair Bolsonaro tentaram na segunda-feira invadir a sede da Polícia Federal na capital Brasília, em um flash de violência pós-eleitoral no dia em que a derrota eleitoral do presidente foi certificada.
Testemunhas da Reuters viram apoiadores de Bolsonaro, muitos em suas camisas de futebol amarelas ou com bandeiras brasileiras, confrontando as forças de segurança na sede da polícia. A polícia disparou granadas de efeito moral e gás lacrimogêneo para dispersar a multidão. Ônibus e carros próximos foram incendiados.
A Polícia Federal disse que os "distúrbios" perto da sede estavam sendo tratados com o apoio das forças de segurança da capital.
A violência se desenrolou depois que um apoiador de Bolsonaro foi detido por supostamente organizar "atos antidemocráticos" violentos, segundo o juiz que ordenou sua prisão.
Na segunda-feira, o Tribunal Federal Eleitoral (TSE) certificou a vitória eleitoral de 30 de outubro do rival de esquerda de Bolsonaro, Luiz Inácio Lula da Silva, como presidente. Após meses de insinuações infundadas de que o sistema eleitoral brasileiro é vulnerável a fraudes, Bolsonaro não concedeu a derrota a Lula nem bloqueou formalmente a passagem do poder.
Mas alguns dos apoiadores mais obstinados do presidente bloquearam rodovias em protesto e acamparam em frente a quartéis do exército, pedindo um golpe militar para barrar Lula do cargo.
Centenas de apoiadores de Bolsonaro se reuniram em frente à residência presidencial na tarde de segunda-feira com faixas pedindo "intervenção militar". O presidente se juntou a eles para uma oração pública, mas não se dirigiu à multidão.
"Não vai haver posse", disse José Trindade, 58, um dos apoiadores de Bolsonaro na multidão. "Bolsonaro foi reeleito, mas roubaram. Então só o Exército pode colocar as coisas em ordem."
As teorias da conspiração e a violência subsequente reacenderam as memórias da invasão do Capitólio dos EUA em janeiro de 2021 por partidários do ex-presidente dos EUA, Donald Trump. Também levanta preocupações de segurança sobre 1º de janeiro, quando Lula toma posse em uma cerimônia pública em Brasília.
O senador Randolfe Rodrigues, um importante assessor de Lula, disse que havia preocupações com a segurança física de Lula e do vice-presidente eleito Geraldo Alckmin, já que os manifestantes cercaram o hotel onde ele está hospedado em Brasília. A equipe de Lula negou relatos de que Lula seria retirado do hotel de helicóptero.
Autoridades de segurança pública de Brasília disseram ter protegido a área ao redor do hotel de Lula e pediram aos motoristas que evitem o centro da cidade, onde muitas estradas foram fechadas.
DESENVOLVIDO POR PRISÃO
A violência em Brasília ocorreu depois que o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, que liderou as investigações sobre Bolsonaro e seus aliados, ordenou na segunda-feira a prisão temporária de José? Acácio Serere Xavante por suposta prática de atos antidemocráticos.
Xavante, um líder indígena, está entre os apoiadores de Bolsonaro que protestaram contra o resultado da eleição de 30 de outubro.
"Não posso aceitar criminosos reinando no Brasil", twittou Xavante no mês passado. "Lula não pode ser certificado."
Na semana passada, Bolsonaro quebrou semanas de silêncio pós-eleitoral para dizer que sua situação "me machuca a alma".
"Quem decide para onde eu vou são vocês. Quem decide para onde vão as Forças Armadas são vocês", disse Bolsonaro a seus apoiadores na porta da residência presidencial na sexta-feira.
Em nota, o STF disse que Moraes "decretou a prisão temporária, por 10 dias, do indígena José Acácio Serere Xavante, em razão de indícios da prática dos crimes de ameaça, perseguição e extinção violenta do Estado Democrático de Direito". Lei."
Ele disse que Xavante liderou protestos em Brasília e usou "sua posição como chefe do povo Xavante para alistar indígenas e não indígenas para cometer crimes", ameaçando Lula e os ministros do Supremo Tribunal Federal.
Xavante havia "convocado expressamente pessoas armadas para impedir a certificação de políticos eleitos", acrescentou o comunicado.
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