Bolívia protege modelo econômico de grande estado, planeja impulso de gás 'agressivo', diz ministro
A Bolívia está empenhada em proteger seu modelo econômico de grande estado dependente de subsídios, apesar dos riscos de déficit, e planeja uma investida "agressiva" na exploração de gás, disse o ministro da Economia à Reuters.
A nação sem litoral é um importante produtor de gás e subsidia o setor para controlar os preços dos combustíveis, bem como a produção de bens e serviços. Isso ajudou a elevar a inflação para 3% ao ano, uma das taxas mais baixas do mundo.
Mas o gás está diminuindo sem novas descobertas há anos e as exportações caíram.
O ministro da Economia, Marcelo Montenegro, disse que o governo traçou "um plano de exploração muito agressivo" para o gás em 2023, mas não entrou em detalhes.
As agências de classificação alertaram os consumidores sobre o déficit do país e a queda das reservas. O déficit deve fechar o ano em 8,5% do PIB, com as reservas chegando a US$ 4 bilhões.
"Nosso déficit pode chegar a 1 ou 1,5% se eliminarmos o investimento público... aumentar a receita.
O governo projeta reduzir o déficit de 2023 para cerca de 7,5%. A economia da Bolívia deve crescer 5,1% em 2022 e quase 5% no ano que vem.
O governo boliviano também espera assinar acordos com empresas no próximo ano para a tecnologia Direct Lithium Extraction (DLE). Pretende acelerar a industrialização do setor para se posicionar no mercado de lítio antes de 2025.
"Não é fácil porque há contratos que vão durar anos, até décadas... Temos que pressionar para que restem mais lucros para a Bolívia", disse Montenegro.
Em relação ao investimento público, a Bolívia desembolsará pelo menos US$ 4 bilhões em 2023 para apoiar setores como agricultura, energia, mineração e infraestrutura, segundo dados oficiais. Parte desse valor virá de financiamento externo e está sendo contemplada a emissão de títulos de dívida de até US$ 2 bilhões.
Napoleão Pacheco, economista da Fundação Milenio, disse que, devido ao alto déficit do país, os fundamentos do modelo boliviano "são fracos ou prestes a quebrar".
"Acho que o governo pode ter uma saída e a saída é contratar crédito externo de organismos financeiros internacionais, que sempre têm taxas mais baixas, prazos mais longos", disse Pacheco.
Segundo o Ministério da Economia, a dívida da Bolívia é de 46% do PIB e está abaixo dos limites estabelecidos por organismos internacionais, o que reflete que o país ainda tem capacidade de endividamento.
Alguns moradores temem que um corte repentino nos subsídios possa alimentar a inflação e estimular a agitação.
"O governo não pode permitir isso porque haveria um colapso social e econômico", disse Oscar Rodriguez à Reuters em um posto de gasolina em La Paz. "As políticas têm que reduzir os subsídios aos poucos porque de uma vez seria fatal porque a sociedade sofreria."
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