Bolsonaro contesta eleição brasileira que perdeu para Lula
O presidente brasileiro Jair Bolsonaro contestou a eleição que perdeu no mês passado para o rival de esquerda Luiz Inácio Lula da Silva, argumentando que os votos de algumas máquinas deveriam ser "invalidados" em uma reclamação que as autoridades eleitorais receberam com ceticismo inicial.
A afirmação de Bolsonaro parece improvável de ir longe, já que a vitória de Lula foi ratificada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e reconhecida pelos principais políticos do Brasil e aliados internacionais. Ainda assim, poderia alimentar um movimento de protesto pequeno, mas comprometido, que até agora se recusou a aceitar o resultado.
Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal que atualmente lidera o TSE, disse em decisão vista pela Reuters que a coligação eleitoral de direita de Bolsonaro, que apresentou a denúncia, deve apresentar sua auditoria completa para ambos os turnos da votação do mês passado em 24 horas, ou ele o rejeitaria.
A moeda brasileira aprofundou as perdas após a notícia da reclamação eleitoral, fechando 1,3% mais desvalorizada em relação ao dólar americano. A moeda já estava sofrendo com as preocupações dos investidores sobre os planos de gastos de Lula e os formuladores de políticas econômicas.
Fernando Bergallo, chefe de operações da FB Capital, estava entre muitos que disseram que a tentativa de Bolsonaro de contestar os resultados das eleições parecia improvável de ir longe, mas que aumentaria o "pessimismo além de tudo o que já temos".
Gleisi Hoffmann, presidente do Partido dos Trabalhadores (PT) de Lula, descreveu a reclamação eleitoral de Bolsonaro como "chicana".
"Chega de procrastinação, irresponsabilidade, insultos às instituições e à democracia", escreveu ela no Twitter. "A eleição foi decidida no voto e o Brasil precisa de paz para construir um futuro melhor."
O Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), um tradicional rival do PT, chamou a reclamação de Bolsonaro de "sem sentido", twittando que ela seria resistida "por instituições, pela comunidade internacional e pela sociedade brasileira".
A coalizão de Bolsonaro disse que sua auditoria do segundo turno de 30 de outubro entre Bolsonaro e Lula encontrou "sinais de... mau funcionamento irreparável" em algumas urnas eletrônicas.
"Houve indícios de falhas graves que geram incertezas e impossibilitam a validação dos resultados gerados" em modelos mais antigos de urnas, disseram aliados de Bolsonaro na denúncia. Como resultado, eles pediram que os votos desses modelos fossem "invalidados".
Bolsonaro, um ex-capitão do exército de extrema-direita, há anos afirma que o sistema de votação eletrônica do país é passível de fraude, sem fornecer evidências substanciais.
Bolsonaro permaneceu em silêncio público por quase 48 horas após a convocação da eleição em 30 de outubro e ainda não admitiu a derrota, embora tenha autorizado seu governo a começar a se preparar para uma transição presidencial.
Uma das presenças mais visíveis do Brasil nas mídias sociais e em eventos públicos nos últimos quatro anos, Bolsonaro quase desapareceu da vista do público nas últimas três semanas, com pouca ou nenhuma agenda formal ou declarações públicas na maioria dos dias.
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