Bolsonaro mantém perfil discreto após derrota
O presidente brasileiro Jair Bolsonaro tem estado estranhamente quieto desde sua derrota eleitoral para o veterano de esquerda Luiz Inácio Lula da Silva no mês passado, quase desaparecendo da vista do público e até mesmo de suas amadas contas de mídia social.
O presidente de extrema-direita, que permanece no cargo até 1º de janeiro, respondeu à sua derrota no segundo turno da eleição de 30 de outubro com quase dois dias de silêncio, levantando temores de que ele possa tentar lutar contra o resultado, já que seus apoiadores bloquearam estradas em protesto e instou a militares a intervir para mantê-lo no poder.
Bolsonaro finalmente fez uma breve declaração em 1º de novembro, dizendo que respeitaria a Constituição, mas sem admitir a derrota nem parabenizar Lula.
Ele seguiu com um vídeo postado nas mídias sociais na noite seguinte, pedindo aos apoiadores que parassem de bloquear as rodovias – embora ele incentivasse "manifestações legítimas".
Os manifestantes concordaram em grande parte, embora um punhado de bloqueios de estradas desonestos permaneçam, bem como manifestações fora das bases militares.
Bolsonaro, de 67 anos, permaneceu em silêncio desde então.
De acordo com sua agenda pública, ele está enfurnado em sua residência oficial desde 1º de novembro, quando se reuniu com ministros.
O jornal O Globo noticiou que Bolsonaro estava em casa com "problemas de saúde", estava com febre e parecia exausto, citando fontes próximas ao presidente.
O gabinete de Bolsonaro não respondeu imediatamente a perguntas sobre sua saúde da AFP.
O líder do Partido Liberal (PL) do presidente, Valdemar Costa Neto, disse que o silêncio de Bolsonaro é "natural" devido à sua pequena derrota - 50,9 por cento dos votos contra 49,1 por cento, a corrida presidencial mais acirrada da história moderna do Brasil.
"Quando você perde uma eleição como essa, você sente isso no coração", disse Neto em entrevista coletiva.
"É uma grande tristeza."
Bolsonaro não postou em sua conta normalmente movimentada no Twitter desde o segundo turno, exceto o vídeo da última quarta-feira e uma imagem enigmática postada na terça-feira, mostrando o presidente diante de uma multidão de apoiadores, uma bandeira brasileira ao fundo.
Bolsonaro até parou de dar seu discurso semanal ao vivo no Facebook, um dos principais canais de comunicação em que confiou para falar com sua base ao longo de sua presidência.
O resto do clã Bolsonaro também ficou extraordinariamente quieto online desde a eleição.
No dia seguinte, o senador Flavio Bolsonaro, filho mais velho do presidente, postou uma mensagem dizendo: "Pai, estou com você, aconteça o que acontecer".
No domingo, ele postou duas outras mensagens condenando a suposta "censura" dos apoiadores de seu pai nas redes sociais - uma reclamação frequente do campo pró-Bolsonaro, já que as autoridades brasileiras se moveram para bloquear a desinformação online.
Enquanto isso, o deputado Eduardo Bolsonaro, irmão mais novo de Flávio, compartilhou um post do novo proprietário do Twitter, Elon Musk, prometendo "analisar" as alegações de que as contas de usuários pró-Bolsonaro foram suspensas injustamente.
Na quarta-feira, Lula se reunirá com os líderes das duas câmaras do Congresso em Brasília para falar sobre questões orçamentárias, enquanto o novo presidente busca implementar suas promessas de campanha de aumento dos gastos sociais.
© Copyright 2024 IBTimes BR. All rights reserved.