Fronteira entre a Amazônia e o Cerrado
Uma vista aérea mostra o desmatamento perto de uma floresta na fronteira entre a Amazônia e o Cerrado em Nova Xavantina, estado de Mato Grosso, Brasil, 28 de julho de 2021. Foto tirada com um drone em 28 de julho de 2021. Reuters

O Brasil corre o risco de perder o controle sobre sua vasta região da floresta amazônica para o crime organizado e traficantes que usam a região sem lei para contrabandear drogas, alertou um juiz da Suprema Corte na quarta-feira.

O ministro Luis Roberto Barroso pediu à comunidade internacional que contribua com fundos e ideias para promover o desenvolvimento sustentável que preserve a floresta amazônica, a maior do mundo, e ajude os 25 milhões de pessoas que vivem nela.

A Amazônia absorve grandes quantidades de gases de efeito estufa responsáveis pelo aquecimento global e sua preservação é vista como essencial para o combate às mudanças climáticas.

"Existe um risco real de perder a soberania da Amazônia não para outro país, mas para o crime organizado", disse ele em entrevista.

Barroso, que participou das negociações climáticas da COP27 das Nações Unidas no Egito em novembro, disse que o financiamento internacional não interfere na soberania brasileira sobre a Amazônia, como afirmou o presidente de extrema-direita do Brasil, Jair Bolsonaro.

Pelo contrário, é necessário apoio estrangeiro para deter a degradação da floresta tropical e ajudar o Estado brasileiro a restaurar a lei e a ordem na Amazônia.

"As autoridades brasileiras terão que estar muito empenhadas em enfrentar crimes ambientais como extração ilegal de madeira e mineração, desmatamento, grilagem de terras e assassinato de defensores da floresta", disse Barroso.

Sob Bolsonaro, as atividades ilegais aumentaram na Amazônia, incentivadas pela flexibilização das proteções ambientais e redução do financiamento para agências de fiscalização.

O governo de Bolsonaro também paralisou o Fundo Amazônia, para o qual Noruega e Alemanha contribuíram com mais de US$ 1 bilhão para apoiar projetos sustentáveis na região.

O fundo será reiniciado quando o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, que derrotou Bolsonaro nas eleições de outubro, tomar posse em janeiro. Lula se comprometeu a acabar com a impunidade criminal na Amazônia.

"A preservação da Amazônia é essencial para o mundo. Defendo que o mundo contribua para a preservação da Amazônia", disse Barroso.