Brasil vai recuperar sua 'liderança' climática, diz ex-ministro
O Brasil protegerá a Amazônia "com seus próprios esforços" sem esperar por financiamento internacional, disse o ex-ministro do Meio Ambiente do novo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no sábado nas negociações climáticas da ONU.
Creditada por conter o desmatamento na década de 2000, Marina Silva delineou as principais prioridades ambientais para o novo presidente, que visitará as negociações sobre o clima na próxima semana no resort de Sharm el-Sheikh, no Mar Vermelho.
Silva está cotada para reprisar seu papel no novo governo de Lula.
Lula prometeu que a luta contra o desmatamento na Amazônia seria "uma prioridade estratégica" de seu governo, contrariando o legado de Jair Bolsonaro, que presidiu uma onda de destruição da floresta tropical.
Silva disse que a visita de Lula ao Egito antes mesmo de sua posse, em 1º de janeiro, mostra que "o Brasil está retomando a liderança ambiental no cenário multilateral".
Com um plano para combater a destruição da Amazônia e perseguir uma meta de reflorestamento de 12 milhões de hectares (30 milhões de acres), o Brasil liderará "pelo exemplo", disse ela.
Silva acrescentou que o país agirá para preservar as florestas - um amortecedor crucial contra o aquecimento global - sem depender da ajuda internacional.
Mas ela recebeu com satisfação os anúncios da Noruega e da Alemanha de que retomariam o apoio financeiro. Ambos os países retiraram a ajuda em 2019, logo após a chegada de Bolsonaro ao poder.
A Noruega é o maior contribuinte para esse fundo, que atualmente detém US$ 641 milhões, de acordo com seu ministério do meio ambiente.
Desde que Bolsonaro – um fiel aliado do agronegócio – assumiu o cargo em janeiro de 2019, o desmatamento médio anual na Amazônia brasileira aumentou 75% em comparação com a década anterior.
Silva disse ser necessário criar um superórgão nacional para coordenar a ação climática entre vários ministérios.
"Seria algo inovador e poderoso", disse ela.
Lula, de 77 anos, garantiu uma vitória apertada sobre o titular de extrema-direita Bolsonaro no segundo turno da eleição em 30 de outubro.
O veterano esquerdista tomará posse para um terceiro mandato em 1º de janeiro, enfrentando uma perspectiva muito mais difícil do que o boom impulsionado pelas commodities que presidiu nos anos 2000.
Silva viajou ao Egito para preparar o terreno para a esperada visita de Lula.
Ela pediu uma revisão do mercado de créditos de carbono em meio a preocupações de que as grandes empresas de petróleo e gás os usem como forma de evitar a redução de suas próprias emissões.
"Não acredito que a geração de energia fóssil deva ser perpetuada contando com esses créditos", disse ela.
Embora ela tenha dito que o Brasil ainda precisaria de seus recursos petrolíferos "como uma transição para outras fontes de geração de energia", ela acrescentou que sua opinião pessoal era que até a estatal Petrobras deveria ir além do petróleo e contribuir para a transição energética do Brasil.
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