Brasileiros vão ao Santos para homenagear Pelé
Eles vieram de todo o Brasil, indo para a cidade portuária de Santos, no sudeste, para prestar suas últimas homenagens ao maior herói do futebol que cativou a terra do "belo jogo": Pelé.
Uma fila de dois quilômetros (mais de uma milha) se formou na segunda-feira em frente ao estádio Vila Belmiro, casa do Santos FC, clube onde Pelé jogou a maior parte de sua carreira - e que manteve um velório de 24 horas para ele após sua morte na quinta-feira aos 82 anos.
Vestindo a camisa preta do Santos, Pedro Stolber e sua esposa, Clady, estavam entre os primeiros a fazer fila do lado de fora do estádio, depois de fazerem a viagem do Paraná, no sul, um dia após a morte de Pelé.
"Não há palavras para descrevê-lo. Ele significava tudo para o futebol", disse à AFP Pedro, um técnico de engenharia médica de 71 anos.
"É muito comovente ver todos prestando homenagem a ele. Ele é o rei", disse Clady, 67.
A maioria dos torcedores usava as cores preto e branco do Santos, que Pelé tornou mundialmente famosas.
Amplamente considerado o maior jogador de futebol de todos os tempos, Pelé marcou 1.091 de seus 1.283 gols na carreira em seus 18 anos no Santos, onde estreou profissionalmente em 1956, aos 15 anos.
Os demais foram marcados com a Seleção Brasileira - com a qual conquistou três Copas do Mundo inéditas - e o New York Cosmos, onde jogou por dois anos antes de se aposentar em 1977.
Cristian Abreu, de 16 anos, fez fila do lado de fora do estádio às 6h30, apesar de Pelé estar aposentado há três décadas quando nasceu.
"Nunca pude vê-lo jogar, mas ele é a lenda dos mil gols. Ele é um mito, é muito importante para mim", disse.
Fernandes José de Oliveira, um motorista de 56 anos, fez a viagem de 75 quilômetros de São Paulo sozinho na manhã de segunda-feira.
"O Brasil perdeu um ícone do futebol. Pelé nos colocou no mapa. Ele tornou o Santos famoso no mundo todo. Devemos a ele nossa reverência", disse.
Dentro do estádio, os torcedores foram recebidos por faixas comemorando "O Rei" e alto-falantes tocando uma música, "Meu Legado", cantada por Pelé, que também foi ex-músico.
"Eu sou Pelé graças a você", diz. "Meu legado é para você."
Carlos Mota e seu filho Bernardo, de 12 anos, viajaram mais de 500 quilômetros do Rio de Janeiro para homenagear Pelé.
"Toda a minha infância foi influenciada pelo que Pelé fez pelo Brasil, por suas vitórias na Copa do Mundo. Ele era um ídolo nacional", disse Mota, 59 anos.
Ele vestia a camisa do Fluminense - e reconheceu que um dos maiores gols de Pelé foi marcado contra seu time favorito.
"Eu sempre disse ao meu filho, há três fatos incontestáveis: a bola é redonda, a grama é verde e Pelé é o maior de todos os tempos."
Bernardo, que estava com a camisa do Barcelona, claramente levou a sério a lição.
"Nunca vi Pelé jogar, mas vi os vídeos. Ele é o maior jogador que já pisou na Terra", disse.
Outros torcedores vestiram as camisas de rivais do Santos, como São Paulo e Corinthians. Mas todos estavam unidos em reverenciar o legado de Pelé.
"Ele conquistou o mundo. Ele era muito carismático", disse a enfermeira Kianny Sanches, de 29 anos, depois de esperar três horas para passar pelo caixão preto aberto de Pelé.
Ela carregava um buquê de flores brancas para deixar na estátua de Pelé do lado de fora do estádio.
"Foi muito triste, mas também sinto gratidão por tudo que ele fez pelo Brasil", disse ela.
"Somos conhecidos em todo o mundo graças a Pelé."
© Copyright 2024 IBTimes BR. All rights reserved.