China e Rússia assinam acordo inaugurando 'nova era' de cooperação
Xi reafirmou a "postura neutra" da China em relação à Ucrânia, ao mesmo tempo em que elogiou suas discussões "abertas e amigáveis" com Putin.
O presidente chinês, Xi Jinping, afirmou ter assinado um acordo com seu colega russo, Vladimir Putin, levando as relações bilaterais a uma "nova era" de colaboração. Os dois líderes pediram "engajamento responsável" para acabar com o conflito na Ucrânia.
Visita de Xi à Rússia criticada
Tem havido ceticismo generalizado sobre a posição da China em resolver a crise, com a principal preocupação sendo que Pequim ainda não fez nenhuma proposta que represente a exigência da Ucrânia de que todas as forças russas deixem suas terras.
A visita de Xi foi criticada pelo secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, na terça-feira, por ocorrer apenas alguns dias após o mandado de prisão do Tribunal Penal Internacional de Haia contra Putin.
"Assinamos uma declaração sobre o aprofundamento da parceria estratégica e dos laços bilaterais que estão entrando em uma nova era", disse Xi após conversas com Putin no Kremlin na terça-feira. Ele acrescentou que a China e a Rússia devem trabalhar mais de perto para promover uma maior "cooperação prática".
Cooperação econômica da China e da Rússia
Por sua vez, Putin disse que "todos os acordos foram alcançados" e que a cooperação econômica entre Moscou e Pequim é uma "prioridade" para a Rússia.
Dias depois de Putin receber um mandado de prisão do TPI por crimes cometidos na guerra da Ucrânia , onde as forças russas avançaram pouco nos últimos meses, apesar de sofrerem perdas significativas, o líder chinês fez uma visita a Moscou.
As discussões visavam solidificar a aliança "sem limites" que os dois líderes declararam em fevereiro do ano passado, menos de três semanas antes de a Rússia invadir a Ucrânia.
Pequim "guiada pelos ideais das Nações Unidas... e incentiva uma conclusão pacífica", observou o líder chinês em referência à situação na Ucrânia.
"Somos sempre pela paz e pelo diálogo", continuou.
Putin afirma que a Ucrânia e o Ocidente ainda não estão preparados para a paz
Em uma declaração unificada, o Ocidente foi acusado de se envolver em práticas bem conhecidas, como minar a estabilidade global e invadir a região da Ásia-Pacífico com a OTAN.
Putin afirmou que um acordo de paz pode ser construído com base em uma proposta chinesa para interromper o conflito, mas que Kiev e o Ocidente ainda não estão preparados.
"Acreditamos que muitas das provisões do plano de paz apresentado pela China estão em consonância com as abordagens russas e podem ser tomadas como base para um acordo pacífico quando estiverem prontos para isso no Ocidente e em Kiev. No entanto, até agora vemos não há tal prontidão da parte deles", disse Putin.
Plano da China para desescalada e cessar-fogo na Ucrânia
O plano de 12 pontos da China para uma desescalada e eventual cessar-fogo na Ucrânia carecia de detalhes sobre como pôr fim aos combates.
Dado o fracasso de Pequim em denunciar a invasão da Ucrânia pela Rússia, os Estados Unidos rejeitaram o plano e alegaram que um cessar-fogo garantiria ganhos de território russo e daria às tropas de Putin mais tempo para se reorganizar.
EUA pedem à China que pressione a Rússia
A Casa Branca respondeu à reunião afirmando que a atitude da China não era imparcial e instando Pequim a pressionar a Rússia a deixar o território soberano da Ucrânia para pôr fim à guerra.
Putin criticou as nações ocidentais por lutarem "até o último ucraniano" após o encontro com Xi e saudou o fortalecimento das relações econômicas, energéticas e políticas entre a China e a Rússia.
Xi reafirmou a "postura neutra" da China em relação à Ucrânia, ao mesmo tempo em que elogiou suas discussões "abertas e amigáveis" com Putin. Ele também defendeu a comunicação.
Apesar de dizer que a Rússia deve retirar seus soldados da Ucrânia e enfatizar a importância da integridade territorial da Ucrânia, Kiev saudou a intervenção diplomática da China.
Volodymyr Zelenskyy, o presidente da Ucrânia, disse na terça-feira que Kiev pediu a Pequim que apoie um plano de paz ucraniano para impedir a guerra da Rússia na Ucrânia, mas que ainda aguarda uma resposta.
Putin quer substituir a Europa como seu principal consumidor de gás
O gasoduto Power of Siberia 2, que transportaria 50 bilhões de metros cúbicos (bcm) de gás natural anualmente da Rússia para a China via Mongólia, também foi adiantado devido ao acordo.
Putin declarou que depois de todos os acordos sobre um gasoduto planejado para transportar gás russo terem sido alcançados entre a Rússia, a China e a Mongólia, Moscou estava preparada para aumentar os embarques de petróleo para Pequim.
A necessidade do gasoduto cresceu à medida que a Rússia procura substituir a Europa como seu principal consumidor de gás.
A agência de notícias da Rússia, TASS, informou que os dois líderes também discutiram a internet e concordaram que se posicionam "contra a militarização das tecnologias de informação e comunicação e apoiam o gerenciamento multilateral, igualitário e transparente da Internet".
"[Eles] apóiam a criação de um sistema de gerenciamento global multilateral, igualitário e transparente da Internet com o apoio da soberania e segurança de todos os países nesta esfera", disse a TASS citando o acordo.
Colaboração China Rússia
Putin elogiou a "prosperidade" dos povos russo e chinês em um jantar formal realizado após as negociações. Ele afirmou que havia "potencial e perspectivas realmente infinitas" para a colaboração russo-chinesa.
Quando Putin enfrenta uma batalha contra o que ele percebe como um Ocidente hostil determinado a dar à Rússia uma "derrota estratégica", a visita oficial de Xi foi um grande impulso para ele.
O primeiro-ministro japonês fez uma rara visita não anunciada a Kiev ao mesmo tempo que a reunião de Xi e Putin, ressaltando o apoio de Tóquio a Kiev em sua luta contra a invasão russa.
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