Um homem aponta para um quadro eletrônico que mostra as flutuações dos índices de mercado no pregão da Bolsa de Valores BM&F Bovespa, em São Paulo
Um homem aponta para um quadro eletrônico que mostra as flutuações dos índices de mercado no pregão da BM&F Bovespa, no centro de São Paulo, Brasil, em 7 de janeiro de 2016. Reuters

As ações do Brasil subirão dois dígitos até o final de 2023, apesar da incerteza sobre as novas políticas do governo, já que o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva busca equilibrar prioridades sociais e restrições orçamentárias, previu uma pesquisa da Reuters.

Enquanto os modelos financeiros continuam mostrando potencial de alta para as ações brasileiras no próximo ano, especialistas do mercado foram pessimistas em suas respostas qualitativas à pesquisa, apontando dúvidas sobre a equipe de Lula e preocupações fiscais.

O índice de ações de referência da Bovespa deve subir 13% até o final de 2023, para 123.250 pontos, de 108.976 pontos na sexta-feira, de acordo com a estimativa mediana de 11 estrategistas entrevistados de 14 a 23 de novembro. No acumulado do ano, o índice subiu apenas 4%.

"O cenário depende de quem serão os ministros do novo governo e os planos a serem anunciados... O Ibovespa (índice) segue com desconto, aguardando notícias do governo", disse Fernando Bresciani, analista de research do Andbank.

Depois de receber calorosas boas-vindas durante uma viagem internacional, Lula enfrentou na semana passada a dura tarefa de definir seu governo em meio à ansiedade nos mercados financeiros e às divisões em sua coalizão.

Os membros de seu grupo de transição expressaram opiniões contrastantes sobre as negociações do orçamento de 2023 e a disputa pela liderança do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Até alguns aliados de Lula estão preocupados com a lentidão das decisões.

Enquanto isso, o progresso nas negociações do Congresso sobre uma medida apoiada por ele para isentar pelo menos R$ 100 bilhões (US$ 19 bilhões) do teto de gastos do Brasil no próximo ano soou alarmes no banco central, potencialmente adiando futuras políticas de flexibilização.

"Altas taxas e preços de commodities mais baixos impactaram negativamente os resultados das empresas... o novo governo não fará uma boa gestão fiscal e, portanto, as taxas permanecerão altas por mais tempo", disse Filipe Villegas, analista da Genial Investimentos.

Somando-se ao tom cético, todos os 7 participantes que responderam a uma pergunta separada sobre as perspectivas para os lucros corporativos no Brasil nos próximos seis meses disseram que esperavam que os resultados piorassem.

O Ministério da Economia do Brasil cortou na semana passada sua previsão de crescimento do PIB em 2023 para 2,1%, de 2,5% previsto em setembro, devido a uma deterioração nas perspectivas globais. Economistas privados em uma pesquisa semanal do banco central projetaram uma taxa de expansão de apenas 0,7%.

A alta de 4% da Bovespa neste ano superou o índice S&P/BMV IPC do México, com queda de 3% até agora em 2022, mas com previsão de recuperação de quase 7% em relação aos valores da semana passada no fechamento do ano que vem, para 55.250 pontos.

"Depois de algum ajuste em fevereiro ou março devido ao menor crescimento econômico no primeiro trimestre de 2023, as ações mexicanas devem se recuperar à medida que os resultados corporativos melhorarem novamente", disse Gerardo Copca, analista da MetAnalisis.

(Outras histórias do pacote de pesquisa dos mercados de ações globais da Reuters no quarto trimestre:)

(Pesquisas e relatórios adicionais de Noe Torres na Cidade do México; pesquisas adicionais de Mumal Rathore, Susobhan Sarkar e Sarupya Ganguly em Bengaluru; Edição de Ross Finley e Bernadette Baum)