Com segurança reforçada, Brasil recebe 'Lulapalooza' para brindar posse de Lula
O ícone esquerdista do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, retorna triunfante à presidência no domingo, depois de anos no frio, com planos para uma inauguração espetacular em meio a uma segurança ultrarrígida.
Cerca de 300.000 foliões e mais de uma dúzia de chefes de estado e de governo são esperados para a cerimônia de posse na normalmente tranquila capital Brasília.
Apelidado de "Lulapalooza" nas redes sociais, o evento combinará ritos institucionais com um megashow reunindo algumas das maiores estrelas da música brasileira.
Um ataque a bomba fracassado na véspera de Natal ameaçou prejudicar os procedimentos, levando a uma mobilização de segurança nunca antes vista para uma posse presidencial brasileira.
Lula, de 77 anos, assumirá oficialmente a presidência para um terceiro mandato não sucessivo, após prestar juramento ao vice-presidente Geraldo Alckmin em cerimônia no Congresso.
Mas o momento que seus seguidores esperam é quando ele sobe ao palco do palácio do Planalto, sede da presidência.
Lá, Lula receberá a faixa presidencial, uma faixa de seda verde e amarela bordada em ouro e diamantes.
Normalmente, o novo chefe de Estado recebe a faixa de seu antecessor, mas o líder de extrema-direita Jair Bolsonaro – que está em um silêncio incomum desde sua derrota eleitoral para Lula em outubro – não disse se compareceria à cerimônia.
Bolsonaro não aceitou publicamente a derrota nem parabenizou Lula por sua vitória apertada.
Lula conseguiu angariar 50,9 por cento dos votos depois de uma campanha profundamente divisiva na qual Bolsonaro insistiu, com algum sucesso, na condenação de seu rival por corrupção - desde então anulada no tribunal.
A mídia brasileira sugeriu que Bolsonaro pode até deixar o país para comemorar o ano novo na Flórida, nos Estados Unidos.
O estado de Brasília disse que enviará "100 por cento" de sua força policial - cerca de 8.000 policiais - para as comemorações de domingo em meio a temores de distúrbios após o ataque a bomba fracassado em Brasília uma semana antes da posse.
As autoridades prenderam um seguidor de Bolsonaro sob acusações de terrorismo depois que ele supostamente colocou explosivos em um caminhão de combustível perto do aeroporto de Brasília na véspera de Natal, na esperança de semear o "caos" antes da posse.
O suspeito disse às autoridades que queria "impedir o estabelecimento do comunismo no Brasil" no governo Lula. A polícia encontrou um esconderijo de armas em sua casa.
Além do destacamento para Brasília, a Polícia Federal disse que mais de 1.000 de seus policiais realizariam tarefas de "inteligência e segurança" relacionadas ao evento de domingo - o maior contingente de todos os tempos para uma investidura presidencial.
Após a derrota de Bolsonaro, apoiadores bloquearam estradas e se manifestaram em frente a quartéis militares para exigir que as Forças Armadas impeçam a posse de Lula.
No dia 12 de dezembro, alguns deles atearam fogo em veículos e entraram em confronto com a polícia em Brasília.
Na quinta-feira, centenas ainda estavam reunidos em frente ao quartel-general do exército na capital, exigindo uma intervenção militar.
Os apoiadores de Lula expressaram medo nas redes sociais de tumultos ou ataques no dia da posse, mas o futuro ministro da Segurança de Lula, Flavio Dino, procurou dar garantias de que o evento será "seguro" e "pacífico", incentivando os brasileiros a participar das comemorações.
Um juiz da Suprema Corte suspendeu na quarta-feira o direito de portar armas para a maioria dos civis até o dia seguinte à cerimônia.
Dadas as preocupações com a segurança e as previsões de chuva, não ficou claro se Lula faria o tradicional desfile presidencial em um conversível vintage, como é de costume, ou em um carro fechado e blindado.
A decisão será tomada "no momento", disse Dino aos jornalistas.
Pelo menos 53 delegações estrangeiras, incluindo 17 chefes de estado ou de governo, estão programadas para comparecer à inauguração - um comparecimento historicamente grande.
Entre eles estarão os presidentes da Alemanha, Argentina, Chile e Colômbia, e o rei da Espanha, Felipe VI.
O presidente dos EUA, Joe Biden, que como vice-presidente em 2015 assistiu à posse de Dilma Rousseff, está enviando sua secretária do Interior, Deb Haaland.
O público se reunirá na Esplanada dos Ministérios, assim chamada por estar cercada por prédios do governo e do Congresso.
Serão dois palcos gigantes decorados com as cores da bandeira brasileira, onde se apresentarão mais de 60 artistas populares, incluindo a lenda do Samba Martinho da Vila.
"Teremos uma grande festa popular", prometeu a futura primeira-dama Rosangela da Silva, que organizou a chamada "Festa do Futuro" desde que popularmente rebatizada de "Lulapalooza" nas redes sociais após o evento musical americano Lollapalooza.
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