Economia do Brasil registra crescimento acima do esperado no primeiro trimestre
A economia do Brasil cresceu 1,9 por cento mais forte do que o esperado no primeiro trimestre, de acordo com dados oficiais divulgados na quinta-feira, boas notícias para o presidente esquerdista Luiz Inácio Lula da Silva, que busca impulsionar o crescimento.
A expansão, liderada por um forte crescimento de 21,6 por cento no principal setor agrícola, marcou uma recuperação para a maior economia da América Latina, que contraiu 0,1 por cento no quarto trimestre de 2022 - o último sob o ex-presidente de extrema-direita Jair Bolsonaro.
O resultado foi melhor do que o esperado, superando a previsão média de crescimento de 1,3 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) feita por analistas consultados pelo jornal Valor.
O setor de serviços cresceu 0,6% nos primeiros três meses do ano, enquanto o setor industrial contraiu 0,1%, informou o Instituto Nacional de Estatística, IBGE.
Mas o setor agrícola do maior exportador mundial de carne bovina e soja impulsionou o crescimento, registrando sua maior expansão desde 1996.
"Problemas relacionados ao clima impactaram negativamente o setor agrícola no ano passado, mas neste ano temos a previsão de uma safra recorde de soja", disse Rebeca Palis, analista do IBGE.
Lula, que anteriormente liderou o país em um boom impulsionado pelas commodities de 2003 a 2010, assumiu o cargo novamente em janeiro prometendo restaurar um forte crescimento, combater a pobreza ressurgente e "tornar o Brasil feliz novamente".
O ex-metalúrgico de 77 anos recebeu outra boa notícia econômica na quarta-feira: a queda da taxa de desemprego para 8,5 por cento de fevereiro a abril, uma baixa de oito anos para o período.
Mas Lula enfrenta o enorme desafio de negociar com um Congresso dominado por legisladores conservadores, muitos contrários aos seus planos de ampliar os programas de proteção social e ambiental.
Ele também entrou em conflito com o banco central, que ele acusa de frear o crescimento econômico ao manter a taxa básica de juros muito alta - atualmente 13,75 por cento.
O comitê de política monetária do banco diz que a inflação - atualmente em 4,18% ao ano - permanece "resiliente".
Alguns analistas alertaram que os números não representam necessariamente um novo boom para o gigante sul-americano.
Embora tenha sido o trimestre mais forte para a economia brasileira em 15 anos, exceto as recuperações da pandemia de Covid-19 e da crise financeira global, "os detalhes dos dados não permitem uma leitura tão positiva", disse William Jackson, diretor economista de mercados emergentes da empresa de consultoria Capital Economics.
"Os motores do crescimento foram muito estreitos", escreveu ele em nota, apontando para a fraca expansão no setor de serviços e a contração no setor industrial, bem como o escasso crescimento de 0,2 por cento nos gastos do consumidor.
"Isso sugere que... o crescimento será significativamente mais fraco nos próximos trimestres."
Na última pesquisa econômica do banco central, publicada na segunda-feira, os analistas preveem que a economia crescerá 1,26 por cento este ano, ante 2,9 por cento no ano passado.
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