Fed inicia negociações de taxas que podem anunciar o fim dos aumentos

O Federal Reserve dos EUA iniciou uma reunião de dois dias na manhã de terça-feira para decidir se aumentará sua taxa básica de juros pela décima - e possivelmente última - vez para enfrentar o aumento dos preços.

O Fed está em uma campanha agressiva de aumento das taxas de juros desde março do ano passado, elevando rapidamente as taxas para ajudar a atingir a inflação alta, que permanece acima de sua meta de longo prazo de 2%.

Com a expectativa de que o Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) aumente sua taxa básica em um quarto de ponto na quarta-feira, os analistas estarão procurando por quaisquer "revisões nas orientações futuras em seu comunicado", escreveu o economista-chefe do Goldman Sachs nos EUA, David Mericle, em uma nota recente aos clientes.

"Esperamos que o Comitê sinalize que antecipa uma pausa em junho, mas mantém um viés hawkish, parando mais cedo do que inicialmente previsto porque o estresse bancário provavelmente causará um aperto no crédito", disse ele.

Os operadores de futuros também veem uma chance de mais de 95 por cento de que o Fed aumentará sua taxa básica de juros em 25 pontos-base na quarta-feira, de acordo com o CME Group.

Tal movimento traria a taxa de juros para entre 5% e 5,25% - seu nível mais alto desde antes da crise financeira global.

Como a decisão anterior do Fed sobre a taxa, a reunião do FOMC em 2 e 3 de maio ocorre logo após uma das maiores falências de bancos da história americana.

A quebra do First Republic na segunda-feira superou o colapso dramático do Silicon Valley Bank (SVB) para o segundo lugar na lista nada invejável das maiores falências de bancos comerciais da história dos EUA.

Em março, o Fed evitou um aumento maior dos juros, optando por um aumento de um quarto de ponto em meio a uma crise bancária desencadeada pelo colapso do SVB.

O fracasso do First Republic não enviou as mesmas ondas de choque nos mercados financeiros - apesar de alguma volatilidade nas ações dos bancos regionais - e a maioria dos analistas ainda espera que o Fed continue com outro aumento de um quarto de ponto na quarta-feira.

O JPMorgan concordou em comprar o First Republic dos reguladores federais em um acordo anunciado nas primeiras horas da manhã de segunda-feira.

"Acho que isso vai estabilizar o sistema, o que é bom", disse o presidente-executivo do JPMorgan, Jamie Dimon, em teleconferência com repórteres logo após o anúncio do acordo.

A probabilidade de o Fed dar orientações firmes sobre uma pausa futura está longe de ser um acordo fechado, de acordo com alguns analistas.

"Com a inflação permanecendo teimosamente elevada, esperamos que o Comitê mantenha um viés de aperto e repita a linguagem de março", escreveram economistas do Deutsche Bank em nota recente a clientes.