Lula da Silva: Responsabilidade fiscal é crucial, mas também se deve gastar para melhorar o país
O presidente eleito do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, disse no sábado que a responsabilidade fiscal é crucial, mas que gastar para melhorar a economia e o bem-estar do país é igualmente importante.
"Sabemos que temos que ser fiscalmente responsáveis", disse Lula a uma sala cheia de simpatizantes na capital de Portugal, Lisboa. "Não podemos gastar mais do que ganhamos... mas também sabemos que podemos gastar para fazer algo rentável, para fazer o país crescer, para melhorá-lo."
Os mercados brasileiros caíram esta semana depois que o novo governo de Lula propôs isentar cerca de R$ 175 bilhões (US$ 32,51 bilhões) do teto de gastos do orçamento do ano que vem para pagar programas de assistência social.
Lula minimizou a reação do mercado às suas propostas e voltou a criticar o teto de gastos.
O ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, de esquerda, que recentemente emergiu como o favorito para ser ministro da Fazenda, também esteve no evento em Lisboa.
"Vamos colocar o Brasil na vanguarda do desenvolvimento e da justiça social", disse Haddad. "Temos um desafio interno no Brasil: fazer mais e melhor do que já fizemos em outras oportunidades."
Lula disse que gostaria de formar um governo com "mais gente da sociedade, de outros partidos" e sem filiação partidária.
O esquerdista Lula derrotou o atual candidato de direita Jair Bolsonaro em um segundo turno presidencial apertado em outubro. Em Lisboa, onde se encontrou com autoridades do governo na sexta-feira, Lula prometeu que iria "recuperar o país".
Desde a semana passada, o presidente eleito tem agitado os mercados financeiros com discursos em que destaca a prioridade do gasto social sobre a responsabilidade fiscal.
O atual ministro da Economia do Brasil, Paulo Guedes, disse na sexta-feira que o conflito percebido entre necessidades sociais e sustentabilidade fiscal revela falta de conhecimento e incapacidade de resolver problemas.
Lula governou o Brasil de 2003 a 2010 e os programas sociais de seu governo tiraram milhões de brasileiros da pobreza. Ele passou um tempo na prisão por acusações de corrupção que mais tarde foram anuladas, permitindo que ele concorresse ao cargo novamente.
Lula disse que, embora seu partido tenha derrotado Bolsonaro na corrida presidencial do mês passado, a ideologia de extrema-direita ainda está muito viva no Brasil.
"Derrotamos Bolsonaro", disse ele enquanto apoiadores comemoravam em Lisboa. "(Mas) o bolsonarismo ainda está vivo e precisamos derrotá-lo... Vamos derrotá-lo, mas não pelos métodos que usaram contra nós.
"Não queremos perseguição... violência. Queremos um país que viva em paz."
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