Milhares protestam na Turquia contra a condenação do prefeito de Istambul
Milhares de pessoas se reuniram na Turquia na quinta-feira para se opor à condenação e proibição política do prefeito de Istambul, Ekrem Imamoglu, entoando slogans criticando o presidente Tayyip Erdogan e seu governante Partido AK antes das eleições do ano que vem.
Um tribunal turco sentenciou na quarta-feira Imamoglu, um popular rival de Erdogan, a dois anos e sete meses de prisão, que, assim como a proibição, deve ser confirmada por um tribunal de apelações. O veredicto atraiu muitas críticas em casa e no exterior como um abuso da democracia.
Enquanto a música patriótica tocava, a multidão agitava bandeiras turcas em frente ao prédio do município de Istambul, do qual estava pendurado um enorme retrato de Mustafa Kemal Ataturk, o fundador da Turquia cujos princípios seculares os oponentes de Erdogan dizem estar ameaçados.
"Direitos, lei, justiça... Chegará o dia em que o AKP será chamado a prestar contas", gritava a multidão.
As eleições presidenciais e parlamentares do ano que vem, marcadas para junho, podem ser um dos maiores desafios políticos para as duas décadas de Erdogan no poder, enquanto os turcos lutam com o aumento do custo de vida e a desvalorização da moeda. A lira caiu para uma mínima recorde em relação ao dólar esta semana.
"O governo está com medo e é por isso que houve tal veredicto. Ninguém pode parar esta nação", disse Filiz Kumbasar, 56, que viajou para a manifestação de Duzce, uma cidade a 200 km (125 milhas) de Istambul, centro comercial da Turquia 16 milhões de pessoas.
Imamoglu foi condenado por insultar funcionários públicos em um discurso que fez após vencer a eleição de Istambul em 2019. Os críticos dizem que os tribunais turcos se curvam à vontade de Erdogan. O governo diz que o judiciário é independente.
"Você já os venceu duas vezes e vai fazer de novo", disse Imamoglu à multidão, referindo-se a uma votação inicial em 2019 que ele venceu, mas que foi anulada e a uma nova corrida que se seguiu e que ele também venceu.
"Todos os 16 milhões de habitantes de Istambul, nossa nação e nossa grande aliança com a Turquia estão comigo. Mudaremos essa ordem nas eleições do ano que vem", disse ele.
A aliança de oposição de seis partidos formada contra Erdogan, liderada pelo Partido Republicano do Povo (CHP) de Imamoglu, ainda não chegou a um acordo sobre um candidato presidencial. Imamoglu foi apontado como um possível adversário e as pesquisas sugerem que ele derrotaria Erdogan.
A decisão do tribunal, se confirmada, o impediria de concorrer.
"Estamos aqui hoje para proteger nossos direitos e os votos de milhões de pessoas de Istambul. Estamos aqui porque queremos viver em um país onde haja o Estado de Direito", disse Aslihan Gulhan, que trabalha no setor de turismo.
Imamoglu foi julgado por um discurso no qual disse que aqueles que anularam a votação inicial de 2019 - na qual ele derrotou por pouco um candidato do AKP - eram "tolos". Imamoglu diz que seu comentário foi uma resposta ao ministro do Interior, Suleyman Soylu, que, segundo ele, usou a mesma linguagem contra ele.
Sua vitória confortável na nova votação encerrou o governo de 25 anos do AKP e de seus predecessores islâmicos em Istambul.
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