Miranda do Brasil, figura-chave nos vazamentos de Snowden, morre
O jornalista, ativista e ex-congressista brasileiro David Miranda, marido do blogueiro americano Glenn Greenwald e seu colaborador na história dos vazamentos de inteligência do denunciante americano Edward Snowden, morreu na terça-feira após uma longa doença.
Ele faria 38 anos na quarta-feira.
"É com a mais profunda tristeza que anuncio o falecimento do meu marido", escreveu Greenwald no Twitter.
"Sua morte, esta manhã, ocorreu após uma batalha de 9 meses (na terapia intensiva). Ele morreu em plena paz, cercado por nossos filhos, familiares e amigos", acrescentou Greenwald, 56, que mora no Brasil com ele e Miranda. dois filhos.
O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva enviou suas condolências, chamando Miranda de "um jovem de trajetória extraordinária que partiu cedo demais", em mensagem nas redes sociais.
Miranda, que cresceu na favela do Jacarezinho, no Rio de Janeiro, trabalhou com Greenwald na publicação dos vazamentos de inteligência de Snowden em 2013, que explodiu os vastos programas de vigilância da Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA).
Miranda foi brevemente detido por seu papel nos vazamentos no aeroporto de Heathrow, em Londres, em agosto daquele ano, no que Greenwald condenou como uma campanha de "intimidação" contra os envolvidos.
De volta ao Rio, Miranda liderou um movimento para conceder asilo no Brasil a Snowden, que acabou fugindo para a Rússia para evitar a prisão por acusações de espionagem dos EUA.
Miranda foi eleito o primeiro homem abertamente gay na Câmara Municipal do Rio em 2016 e tornou-se deputado federal em 2019.
Ele foi nomeado para a lista de "Líderes da próxima geração" da revista Time naquele ano.
Miranda foi hospitalizada em agosto passado depois de sofrer dores abdominais e problemas digestivos, disse Greenwald.
Os médicos diagnosticaram uma série de infecções que entraram em sua corrente sanguínea e acabaram levando à falência de múltiplos órgãos.
Greenwald, co-fundador do site investigativo The Intercept, continua sendo uma figura conhecida no Brasil.
Ele atraiu a ira do ex-presidente de extrema-direita Jair Bolsonaro em 2019, depois que a edição brasileira do site publicou bate-papos vazados do ministro da Justiça do líder na época, o ex-juiz Sergio Moro, sugerindo que ele havia conspirado com promotores para prender o veterano esquerdista Lula a fim de para afastá-lo da corrida presidencial de 2018.
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