Haitianos protestam contra o aumento dos preços dos combustíveis durante uma greve nacional em Porto Príncipe
Pessoas passam por uma rua vazia com restos de barricadas durante uma greve nacional contra o aumento dos preços dos combustíveis, em Porto Príncipe, Haiti, em 26 de setembro de 2022. Reuters

É improvável que o novo governo do Brasil forneça assistência militar ao Haiti, apesar dos apelos para uma força internacional para enfrentar as gangues, disseram duas autoridades, observando que uma intervenção militar anterior não produziu melhorias duradouras.

As Nações Unidas discutiram no mês passado o envio de uma força de ataque ao Haiti para reabrir um terminal de combustível que havia sido bloqueado por gangues. A polícia retomou o controle do terminal neste mês e a distribuição de combustível foi retomada, mas os sequestros voltaram a aumentar e as gangues continuam a expandir seu território.

"Qualquer participação brasileira seria difícil, sobretudo em uma força multinacional", disse Celso Amorim, assessor de política externa do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, que toma posse em 1º de janeiro.

Amorim observou que a participação militar do Brasil na força de paz da MINUSTAH da ONU, que operou no Haiti de 2004 a 2017, foi amplamente impopular em casa e que a situação de segurança do Haiti ficou pior depois da missão do que antes.

"Fizemos um esforço enorme que nos trouxe muitos problemas, até internamente", disse ele em entrevista por telefone. "Não vimos nenhum envolvimento da comunidade internacional."

A embaixada dos EUA fez alguns contatos informais nas últimas semanas para perguntar se o Brasil estaria disposto a participar de uma força de ataque, de acordo com uma segunda autoridade brasileira.

Esse oficial, que pediu para não ser identificado, também acredita que a participação brasileira em tal força é improvável.

O governo do presidente brasileiro Jair Bolsonaro não comentou qualquer possível participação em uma operação militar no Haiti.

O Ministério das Relações Exteriores não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.

Um porta-voz do Departamento de Estado dos EUA se recusou a comentar quando perguntado se os Estados Unidos buscavam o apoio brasileiro para uma força de ataque no Haiti.

A escassez de combustível que começou com o bloqueio em meados de setembro paralisou a maior parte da atividade econômica, forçando empresas e hospitais a fechar suas portas.

Em uma reunião do Conselho de Segurança da ONU em outubro, os Estados Unidos e o México propuseram uma força de ataque multinacional para reabrir o terminal, mas não disseram quais países forneceriam tropas para tal operação.

Os Estados Unidos e as Nações Unidas propuseram planos de médio prazo para fortalecer a Polícia Nacional do Haiti.