Profundamente divididos, brasileiros no exterior fazem longas filas para votar no tenso turno presidencial
A brasileira Ieda Ferreira acordou de madrugada para se juntar a uma longa fila na capital portuguesa, Lisboa, sua casa nos últimos cinco anos, para votar no segundo turno presidencial de seu país. O Brasil, disse ela, estava mais dividido do que nunca.
"O Brasil se tornou muito polarizado", disse o homem de 46 anos, que vestia todo vermelho, a cor do Partido dos Trabalhadores, de esquerda, liderado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "O governo no poder... prega o ódio e a violência."
Ferreira é uma das dezenas de milhares em Lisboa, a cidade com o maior número de eleitores brasileiros fora da nação sul-americana, na fila para votar em uma tensa disputa entre Lula e Jair Bolsonaro.
Quase 81.000 brasileiros em Portugal podem votar, com mais da metade registrados em Lisboa, segundo dados do consulado. Vídeos nas redes sociais também mostraram longas filas em Londres, Paris e Madri.
A fila para votar em Lisboa serpenteava pela faculdade de direito da cidade, com divisões entre os eleitores em exibição.
Alguns usavam camisetas com o nome e o rosto de Lula, enquanto outros usavam a camisa de futebol amarela e verde do Brasil, que se tornou um símbolo daqueles que apoiam Bolsonaro.
Antonio Coelho, de 80 anos, vestia camisa verde e colete amarelo e disse que embora acreditasse que o resultado seria "muito apertado", Bolsonaro ainda venceria.
"É importante para ele (Bolsonaro) ganhar porque não queremos uma pessoa que roubou o país inteiro, como Lula, como presidente", disse Coelho.
Lula foi preso em 2018 por 19 meses por acusações de suborno que o Supremo Tribunal anulou no ano passado.
Várias pesquisas mostraram a corrida entre eles apertando na última semana, com Bolsonaro corroendo uma ligeira vantagem para Lula. Outros mostram uma pequena, mas constante vantagem para Lula.
Outro apoiador de Bolsonaro, o dentista Waldir Rodrigues, de 65 anos, disse que o candidato de extrema-direita "representava o melhor do Brasil".
Mas enquanto para alguns Bolsonaro é a única opção, seus comentários racistas e homofóbicos anteriores também foram a razão pela qual outros deixaram o Brasil desde que ele foi eleito.
"Eu não queria viver em um país governado por Bolsonaro", disse Gabriel Freitas, de 38 anos, enquanto segurava uma bandeira do arco-íris. "Sou gay. Estava no Rio (de Janeiro), era perigoso e decidi que era melhor não ficar.
"Eu não quero voltar... mas meu pai ainda está lá e eu quero que as pessoas no Brasil vivam no amor, não no ódio."
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