O ex-piloto de Fórmula 1 Piquet do Brasil e o supremo da Fórmula 1 Ecclestone chegam ao desfile de pilotos antes do Grande Prêmio da Hungria de F1 no circuito de Hungaroring, perto de Budapeste
O ex-piloto de Fórmula 1 do Brasil Nelson Piquet (D) e o chefe da Fórmula 1 Bernie Ecclestone chegam ao desfile dos pilotos antes do Grande Prêmio da Hungria de F1 no circuito de Hungaroring, perto de Budapeste, Hungria, em 26 de julho de 2015. Reuters

Promotores brasileiros pediram na quinta-feira que a polícia local abrisse uma investigação contra Nelson Piquet depois que um vídeo nas redes sociais mostrou o ex-campeão mundial de Fórmula 1 dizendo que o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva pertence "ao cemitério".

O promotor Paulo Roberto Galvão de Carvalho escreveu em um documento visto pela Reuters que Piquet, um defensor vocal do presidente de extrema-direita Jair Bolsonaro, supostamente incitou a violência contra o presidente recém-eleito, bem como a animosidade entre as Forças Armadas e os poderes constitucionais do país.

Manifestações eclodiram no domingo em apoio a Bolsonaro depois que ele foi derrotado por Lula, que governou de 2003 a 2010. Os protestos incluíram bloqueios de estradas organizados por caminhoneiros e apoiadores reunidos do lado de fora dos quartéis do Exército para pedir uma intervenção das Forças Armadas.

Carvalho pediu à Polícia Federal do Brasil que abrisse uma investigação oficial sobre Piquet, de 70 anos, para "esclarecer os fatos".

Ele acrescentou que as declarações de Piquet, acompanhadas de um dos slogans mais conhecidos de Bolsonaro, foram gravadas em um local público durante um protesto, e não em uma reunião privada. Ele disse que Piquet, como figura pública, deveria estar ciente de que suas declarações tinham o poder de atingir centenas de milhares de pessoas.

Representantes de Piquet não responderam imediatamente a um pedido de comentário.

Um dos aliados mais próximos de Lula, o senador Humberto Costa, afirmou no início desta semana que estava apresentando uma queixa contra Piquet no Ministério Público após seus comentários.

"Não podemos normalizar o ódio e a barbárie", disse Costa.

Piquet já havia sido notícia no início deste ano depois que surgiu um vídeo dele usando um insulto racial em português ao se referir ao heptacampeão mundial Lewis Hamilton. Mais tarde, ele se desculpou pelo comentário "mal pensado", mas disse que foi mal traduzido para o inglês.

Piquet, que conquistou seus títulos em 1981, 1983 e 1987, foi um dos maiores doadores individuais para a campanha de reeleição de Bolsonaro, contribuindo com um total de 501.000 reais (US$ 99.410), segundo dados fornecidos pelo Tribunal Eleitoral do Brasil.

Ele também dirigiu o Rolls-Royce presidencial durante uma cerimônia no ano passado.

Seus últimos comentários vêm poucos dias antes do Grande Prêmio do Brasil, que deve começar em São Paulo em 13 de novembro.

(US$ 1 = 5,0397 reais)