O atacante nº 10 da Argentina Lionel Messi comemora marcando o primeiro gol de seu time de pênalti durante a semifinal da Copa do Mundo do Catar 2022 entre Argentina e Croácia em Lusail, norte de Doha; Messi tem até fãs no Brasil
O atacante nº 10 da Argentina Lionel Messi comemora marcando o primeiro gol de seu time de pênalti durante a semifinal da Copa do Mundo do Catar 2022 entre Argentina e Croácia em Lusail, norte de Doha; Messi tem até fãs no Brasil AFP

José Arnaldo dos Santos Junior viajou para o Catar para torcer por sua amada seleção brasileira liderada por Neymar em sua tentativa fracassada de conquistar a sexta coroa da Copa do Mundo.

Mas desde que foram eliminados pela Croácia nas quartas-de-final, ele mudou a lealdade para os arquirrivais do Brasil, a Argentina de Lionel Messi.

"Como fanático por futebol, acho que a Argentina merece este título", disse o dentista de 38 anos ao retornar a São Paulo.

Ele torceu pela Argentina durante a vitória por 3 a 0 sobre a Croácia na semifinal na terça-feira, que garantiu a classificação dos sul-americanos para a final de domingo.

Dos Santos Junior ainda usa sua camisa azul e branca da Argentina "sem vergonha" nas ruas da maior cidade do Brasil.

Ele deixará de lado debates eternos como quem foi melhor entre o brasileiro Pelé e o argentino Diego Maradona para torcer pela Alviceleste contra a França.

"Os argentinos são apaixonados por suas seleções e por sua seleção nacional, que tem o freio entre os dentes", disse ele. "Qualquer amante de futebol apoia uma causa tão nobre."

No início da Copa do Mundo, o técnico da Argentina, Lionel Scaloni, disse que se sua seleção não pudesse vencer o torneio "prefiro que uma seleção sul-americana" vença, até mesmo o Brasil.

Mas enquanto 33 por cento dos brasileiros identificam a Argentina como seu "segundo" time, mais de 60 por cento dizem que não gostariam que seu vizinho ganhasse a Copa do Mundo, de acordo com uma pesquisa do instituto brasileiro de análise de dados.

A relação entre argentinos e brasileiros é complicada quando o assunto é futebol.

Depois que a Argentina perdeu a partida de abertura da Copa do Mundo contra a Arábia Saudita, a mídia social brasileira foi inundada com piadas e memes, alguns tocando a famosa música "Don't Cry for me Argentina", composta pela dupla britânica Andrew Lloyd Webber e Tim Rice e popularizada no musical Evita.

No entanto, foi o Brasil que chorou primeiro depois de ser eliminado.

Os argentinos também riram por último durante a Copa América de 2021, quando Messi e seus companheiros venceram seus rivais históricos por 1 a 0 na final no Maracanã.

Vídeos que circularam nas redes sociais mostraram até jogadores da Argentina cantando "Brasileiro, o que aconteceu? Os pentacampeões se encolheram" nos vestiários após a vitória do time de Scaloni sobre a Croácia.

E, no entanto, algumas figuras brasileiras proeminentes estão logo atrás da Argentina.

O grande Pelé, que venceu a Copa do Mundo três vezes com a Seleção, comemorou a vitória da Argentina na semifinal e a genialidade de Messi em seu leito de hospital em São Paulo, onde foi internado originalmente no final de novembro para tratamento de câncer.

Sua filha Kelly publicou uma postagem nas redes sociais de Pelé assistindo à partida que incluía GIFs de agradecimento direcionados a Messi.

"Não há palavras para você @leomessi", escreveu o ex-meia-atacante Rivaldo, vencedor da Copa do Mundo com o Brasil em 2002, nas redes sociais.

"Deus sabe e ele vai te coroar no domingo, você merece esse título."

Messi, 35, é amplamente considerado ao lado de Pelé, Maradona e Cristiano Ronaldo, de Portugal, como um dos maiores jogadores de todos os tempos.

E só falta um troféu em sua incrível carreira: a Copa do Mundo.

Muitos brasileiros estão tão desesperados para vê-lo vencer antes de se aposentar quanto para ver seu próprio herói Neymar, cinco anos mais novo que Messi, fazê-lo.

"Depois que o Brasil foi eliminado, comecei a torcer pela Argentina porque Messi é o melhor jogador que já vi. Ele está jogando em um nível impressionante e é justo que seja coroado", disse o economista Alexandre Caldas, 49.

O filho de oito anos de Caldas, Bernardo, é um grande fã de Messi.

"Ele é louco por Messi, quer que ele vença, seja o melhor do mundo e está até aprendendo espanhol para pedir autógrafo", disse Caldas, que comprou para o filho um uniforme da seleção argentina.

No entanto, para algumas pessoas, a rivalidade entre vizinhos supera tudo.

O ex-atacante brasileiro Ronaldo, conhecido como El Fenomeno (o fenômeno) durante sua carreira e que venceu a Copa do Mundo ao lado de Rivaldo, escolheu a França como favorita no domingo.

E embora diga que ficaria feliz se Messi ganhasse a Copa do Mundo, ele acrescentou: "Não vou ser tão hipócrita a ponto de dizer que ficaria feliz pela Argentina".