Transição no Brasil toma forma, Bolsonaro mantém baixo perfil
O chefe da transição de Luiz Inácio Lula da Silva na terça-feira escolheu uma equipe para suavizar a ascensão do esquerdista à presidência do Brasil, enquanto o presidente cessante Jair Bolsonaro permaneceu estranhamente silencioso após sua derrota eleitoral.
O vice-presidente eleito de Lula, Geraldo Alckmin, nomeou um conselho político e uma equipe de economistas, entre outros, que lançarão as bases para a mudança de governo em 1º de janeiro.
"Estamos trabalhando, o futuro já começou", escreveu Lula no Twitter.
Na quarta-feira, Lula se reunirá com os líderes de ambas as casas do Congresso em Brasília para discutir questões orçamentárias enquanto busca implementar suas promessas de campanha de aumento de gastos sociais, enquanto luta com uma economia em dificuldades.
Lula, que cumprirá um terceiro mandato como presidente, enfrenta uma perspectiva muito mais difícil do que o boom alimentado por commodities que presidiu nos anos 2000.
A equipe econômica indicada por Alckmin inclui os economistas André Lara Resende e Persio Arisa, que ajudaram a traçar um plano para conter a hiperinflação no Brasil na década de noventa.
Enquanto isso, Bolsonaro praticamente desapareceu da vista do público e até mesmo de suas amadas contas de mídia social.
O presidente de extrema direita respondeu à sua derrota no segundo turno da eleição de 30 de outubro com quase dois dias de silêncio enquanto seus apoiadores bloqueavam as rodovias em protesto e instavam os militares a intervir para mantê-lo no poder.
Bolsonaro finalmente fez uma breve declaração em 1º de novembro, dizendo que respeitaria a constituição. No entanto, ele não admitiu a derrota nem parabenizou Lula.
Ele postou um vídeo na noite seguinte, pedindo aos apoiadores que parassem de bloquear as rodovias - embora encorajasse "manifestações legítimas".
Os manifestantes concordaram em grande parte, embora permaneçam alguns bloqueios de estradas desonestos, bem como manifestações fora das bases militares.
Bolsonaro, 67, permaneceu em silêncio desde então.
De acordo com sua agenda pública, ele está escondido em sua residência oficial desde 1º de novembro, quando se reuniu com ministros do gabinete.
O jornal O Globo informou que Bolsonaro estava em casa com "problemas de saúde", estava com febre e parecia exausto, citando fontes próximas ao presidente.
O gabinete de Bolsonaro não respondeu imediatamente às perguntas sobre sua saúde da AFP.
O líder do Partido Liberal (PL) do presidente, Valdemar Costa Neto, disse que o silêncio de Bolsonaro foi "natural" devido à sua derrota por pouco - 50,9% dos votos contra 49,1%, a corrida presidencial mais acirrada da história moderna do Brasil.
"Quando você perde uma eleição como essa, você sente no coração", disse Neto em entrevista coletiva.
"É uma grande tristeza."
Bolsonaro não postou em sua conta habitualmente movimentada no Twitter desde o segundo turno, exceto o vídeo da última quarta-feira e uma foto enigmática postada na terça-feira, mostrando o presidente diante de uma multidão de apoiadores, com uma bandeira brasileira ao fundo.
Bolsonaro, inclusive, deixou de dar sua live semanal no Facebook, um dos principais canais de comunicação que utilizou para falar com sua base ao longo de sua presidência.
O resto do clã Bolsonaro também tem estado excepcionalmente quieto online desde a eleição.
No dia seguinte, o senador Flavio Bolsonaro, filho mais velho do presidente, postou uma mensagem dizendo: "Pai, estou com você aconteça o que acontecer".
No domingo, ele postou duas outras mensagens condenando a suposta "censura" dos partidários de seu pai nas mídias sociais - uma reclamação frequente do campo pró-Bolsonaro, já que as autoridades brasileiras agem para bloquear a desinformação online.
O deputado Eduardo Bolsonaro, irmão mais novo de Flávio, compartilhou uma postagem do novo proprietário do Twitter, Elon Musk, prometendo "investigar" as alegações de que as contas de usuários pró-Bolsonaro foram suspensas injustamente.
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