Tropas salvadorenhas cercam capital na segunda repressão a gangues
Mais de 1.000 soldados cercaram um distrito da capital de El Salvador no sábado como parte da guerra do presidente Nayib Bukele contra as gangues, a segunda operação desse tipo neste mês no país centro-americano.
"A partir desta manhã, o distrito de Tutunichapa em San Salvador está totalmente cercado", postou Bukele no Twitter.
"Mais de 1.000 soldados e 130 policiais vão retirar os criminosos que ainda restam", acrescentou.
Imagens divulgadas no sábado pelo gabinete do presidente mostraram soldados fortemente armados entrando em Tutunichapa, onde pequenas casas construídas principalmente com blocos de concreto ficam ao lado de um dos muitos córregos poluídos que atravessam San Salvador.
Mais tarde, o ministro da Defesa, Rene Merino, tuitou que 23 pessoas haviam sido presas até agora em Tutunichapa, um distrito populoso de San Salvador, sem especificar se eram acusadas de serem membros de gangues ou traficantes de drogas.
"Todos os terroristas, traficantes de drogas e membros de gangues serão removidos" da área, disse o presidente Bukele em outro tweet, acrescentando que até recentemente era um "bastião do crime".
"Cidadãos honestos não têm nada a temer e podem continuar a viver suas vidas normalmente", escreveu ele.
O morador local Edwin Diaz, 51, aplaudiu a ação da polícia, dizendo que a área há muito é considerada um lugar perigoso devido à atividade de gangues e vendas de drogas.
"Toda a nossa vida sofremos o estigma de que aqui há tráfico de drogas, membros de gangues, coisas ruins, e hoje com essa segurança que eles montaram, não há nada a temer", disse Diaz por telefone à AFP no sábado.
Ecoando a observação de Bukele, Diaz acrescentou: "Aquele que nada deve, nada teme."
No início deste mês, Bukele, que declarou estado de emergência para acabar com a violência das gangues, enviou 8.500 soldados e 1.500 policiais para cercar Soyapango, a terceira maior cidade do país, com uma população de quase um quarto de milhão.
O presidente havia anunciado no mês passado um plano para usar tropas para cercar as cidades enquanto buscas casa por casa são realizadas para membros de gangues. Soyapango foi o primeiro da lista.
O cerco viu veículos militares blindados, alguns com artilharia, realizando patrulhas constantes enquanto policiais fortemente armados revistam casas e pessoas que saem de seus bairros, além de buscas aleatórias em transportes públicos.
Até sábado, cerca de 650 supostos membros de gangues foram presos em Soyapango, disse Merino.
"Continuamos a trabalhar no resto do território à procura de criminosos terroristas", acrescentou o ministro da Defesa.
Quase 60.000 supostos membros de gangues foram presos desde o lançamento do estado de emergência em março, o que levou grupos humanitários a questionar o que consideram táticas pesadas.
Apesar dessas críticas, o Congresso de El Salvador na quinta-feira mais uma vez estendeu o estado de emergência por um mês.
Mais de 75 por cento dos salvadorenhos aprovam a declaração de emergência, e nove em cada 10 salvadorenhos dizem que o crime "diminuiu" com as políticas de Bukele, de acordo com uma pesquisa da Universidade Centro-Americana (UCA) publicada em outubro.
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