'Uma Nova História': Lula Decreta Seis Reservas Indígenas
O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, decretou na sexta-feira seis novas reservas indígenas, a primeira após a escassez de tal expansão sob seu antecessor de extrema-direita Jair Bolsonaro.
Pelo decreto, é garantido aos indígenas o uso exclusivo dos recursos naturais dessas terras, vistas pelos cientistas como um baluarte contra o desmatamento da Amazônia - um grande desafio na luta contra as mudanças climáticas.
Lula assinou os decretos oficiais no último dia de encontro de indígenas de todo o país na capital Brasília.
"É um processo demorado, mas vamos garantir que o maior número possível de reservas indígenas seja legalizado", disse o presidente.
"Se quisermos atingir o desmatamento zero até 2030, precisamos de reservas indígenas registradas."
Em quatro anos de Bolsonaro, que prometeu não ceder "mais um centímetro" de terra às comunidades indígenas do Brasil, o desmatamento médio anual aumentou 75% em comparação com a década anterior.
Bolsonaro instigou políticas que favoreceram a agricultura e as indústrias madeireiras, que são as principais responsáveis pelo desmatamento.
Duas das seis novas reservas estão na Amazônia.
A maior, batizada de Unieuxi, foi destinada a 249 membros dos povos Maku e Tukano em mais de 550 mil hectares no norte do estado do Amazonas.
Outros dois estão no nordeste do país, um no sul e outro no centro do Brasil.
O anúncio desta sexta-feira foi feito no encerramento da 19ª edição do "Terra Livre", que reúne milhares de indígenas de todo o vasto país.
Lula assinou os decretos ao lado de destacadas lideranças indígenas, como o cacique Raoni Metuktire, que o presenteou com um tradicional cocar de penas azuis e vermelhas.
Segundo o último censo, datado de 2010, o Brasil abriga cerca de 800 mil indígenas. A maioria vive em reservas que ocupam 13,75% do território nacional.
A última declaração de uma nova reserva indígena no Brasil data de cinco anos atrás, quando o então presidente Michel Temer concedeu ao povo Guato direitos a 20.000 hectares (cerca de 49.400 acres) de terras ancestrais no oeste do estado de Mato Grosso.
Lula prometeu aprovar novas reservas "o mais rápido possível" depois de assumir o cargo para um terceiro mandato em 1º de janeiro. Ele já havia servido como presidente de 2003 a 2010.
Ele criou o primeiro ministério de Assuntos Indígenas do país, sob a ministra Sonia Guajajara.
"Quando dizem que vocês ocupam 14 por cento do território e que é muito, é preciso lembrar que antes da chegada dos portugueses vocês ocupavam 100 por cento", disse Lula sob aplausos da multidão que fez o "L " de Lula com o dedo indicador e o polegar.
Mais reservas estão em andamento: Guajajara anunciou no mês passado que 14 reservas estavam prontas para serem legalizadas - cobrindo quase 900.000 hectares no total.
Estes incluíram os seis anunciados na sexta-feira.
"Vamos escrever uma nova história, para o bem de toda a humanidade, de nosso planeta", disse Guajajara após a assinatura de sexta-feira.
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