Xi da China sobre visita 'histórica' à Arábia Saudita, enquanto Riad se irrita com censura dos EUA
O presidente chinês, Xi Jinping, iniciou uma visita à Arábia Saudita na quarta-feira, que Pequim disse ter marcado sua maior iniciativa diplomática no mundo árabe, à medida que Riad expande alianças globais além de uma parceria de longa data com o Ocidente.
A reunião entre a potência econômica global e a gigante de energia do Golfo ocorre em um momento em que os laços sauditas com Washington são prejudicados pelas críticas dos EUA ao histórico de direitos humanos de Riad e pelo apoio saudita às restrições à produção de petróleo antes das eleições de meio de mandato de novembro.
A Casa Branca disse que a visita de Xi foi um exemplo das tentativas chinesas de exercer influência e que isso não mudaria a política dos EUA em relação ao Oriente Médio.
"Estamos cientes da influência que a China está tentando desenvolver em todo o mundo", disse o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, a repórteres.
A China, o maior consumidor mundial de energia, é um importante parceiro comercial dos produtores de petróleo e gás do Golfo. Os laços bilaterais se expandiram sob o impulso de diversificação econômica da região, levantando preocupações dos EUA sobre o crescente envolvimento chinês em infraestrutura sensível no Golfo.
O ministro da Energia, príncipe Abdulaziz bin Salman, disse na quarta-feira que Riad continuará sendo um parceiro energético "confiável e confiável" para Pequim e que os dois países aumentarão a cooperação nas cadeias de fornecimento de energia estabelecendo um centro regional no reino para fábricas chinesas.
A Arábia Saudita é o principal fornecedor de petróleo da China e a visita de Xi ocorre enquanto a incerteza paira sobre os mercados de energia depois que as potências ocidentais impuseram um teto de preço nas vendas de petróleo da Rússia, que vem aumentando os volumes para a China com petróleo com desconto.
Espera-se que a delegação chinesa assine acordos no valor de US$ 30 bilhões com Riad, informou a mídia estatal saudita.
'VISITA QUE MARCOU ÉPOCA'
Xi foi recebido pelo governador de Riad, o ministro das Relações Exteriores do reino e o governador do fundo soberano PIF.
Espera-se que o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman ofereça a Xi uma recepção generosa, em contraste com a recepção discreta do presidente dos EUA, Joe Biden, cuja censura ao governante de fato da Arábia Saudita formou o pano de fundo para uma reunião tensa em julho.
Xi manterá conversações bilaterais com a Arábia Saudita e Riad sediará mais tarde uma reunião mais ampla com os países árabes do Golfo e uma cúpula com líderes árabes que será "um marco histórico na história do desenvolvimento das relações China-Árabes", Ministério das Relações Exteriores disse o porta-voz Mao Ning.
Falando na chegada a Riad, Xi disse que trabalharia com o Conselho de Cooperação do Golfo (GCC) e outros líderes árabes "para levar as relações China-Árabes e China-GCC a um novo nível", informou a agência de notícias estatal saudita SPA.
Para Riad, frustrada com o que vê como um desengajamento gradual de Washington do Oriente Médio e uma lenta erosão de suas garantias de segurança, a China oferece uma oportunidade de ganhos econômicos sem as tensões que obscurecem o relacionamento dos EUA.
"Pequim não sobrecarrega seus parceiros com demandas ou expectativas políticas e se abstém de interferir em seus assuntos internos", escreveu o colunista saudita Abdulrahman Al-Rashed no jornal saudita Asharq Al-Awsat.
Ao contrário de Washington, Pequim mantém bons laços com o rival regional de Riad, o Irã, outro fornecedor de petróleo para a China, e tem mostrado pouco interesse em abordar as preocupações políticas ou de segurança sauditas na região.
A Arábia Saudita, berço do Islã, apoiou as políticas da China em Xinjiang, onde a ONU diz que abusos dos direitos humanos foram cometidos contra uigures e outros muçulmanos.
Autoridades sauditas disseram que a segurança regional estaria na agenda durante a visita de Xi. Os Estados Unidos foram durante décadas o principal garante da segurança da Arábia Saudita e continuam sendo seu principal fornecedor de defesa, mas Riad se irrita com as restrições às vendas de armas dos EUA ao reino.
Riad disse que continuará a expandir as parcerias para atender aos interesses econômicos e de segurança, apesar das reservas dos EUA sobre os laços do Golfo com a Rússia e a China.
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